Hoje, vou neste artigo falar sobre um assunto que já tem vindo nos últimos anos a colocar em causa a produção da castanha, que são as vespas das galhas do castanheiro.

A população do concelho de Moimenta da Beira plantou nos últimos anos muitos castanheiros novos. Muitos deles secam porque com as alterações climáticas e doenças que antes não existiam. Temos de prevenir e estar atentos! Temos de evitar que, doenças que os afetam, se espalhem para outras zonas e castanheiros mais velhos morram principalmente devido a estas doenças. A prevenção e o conhecimento é muito importante na vida quotidiana de um agricultor.

O que causa as galhas do castanheiro? 

As galhas do castanheiro são provocadas pelo inseto Dryocosmus kuriphilus. É o nome vulgar para a vespa das galhas do castanheiro, himenóptero da família Cynipidae.

Em que regiões de Portugal já foi detetada esta praga?

Até julho de 2014, nos concelhos de Barcelos, Baião e Ponte de Lima. Atualmente afeta muitos concelhos do país incluindo o concelho de Moimenta da Beira.

Como é que o inseto se dispersa?

A circulação de plantas é a principal forma de introdução da praga em novos países onde não existe. A dispersão deste inseto, a grandes distâncias, pode fazer-se através da introdução de jovens plantas, ramos e ou rebentos infestados, porque contem ovos e/ou larvas. A curtas distâncias, pode realizar-se através da circulação de material infestado (ramos ou jovens plantas). O vento ou o voo das fêmeas adultas durante o período em que estão presentes (final de maio a final de julho). A deslocação das fêmeas é favorecida por ventos ligeiros, através do seu transporte pelas pessoas em veículos ou vestuário.

Como se pode identificar o inseto?

O inseto adulto tem em média 2,5 a 3 mm de comprimento. O corpo é preto e as patas, o escapo, o pedicelo das antenas e as mandíbulas amarelo acastanhadas. As antenas apresentam 14 artículos e a célula radial da asa anterior é aberta.

Quais as espécies hospedeiras?

A vespa das galhas do castanheiro ataca as espécies e variedade do género Castanea e os castanheiros-da-índia (Aesculus hippocastaneum).

Quais os principais sintomas e a melhor época para os observar?

O principal sintoma associado à presença da vespa-das-galhas-do-castanheiro é o aparecimento de galhas, a partir de meados de abril, nos ramos mais jovens, nos pecíolos ou na nervura central das folhas. A vespa das galhas do castanheiro é um pequeno inseto formador de galhas originário da China. Este inseto é muito específico e forma galhas apenas em espécies do género Castanea, entre elas, o nosso castanheiro (Castanea sativa). Tem um ciclo de vida anual. Na primavera são visíveis os sintomas na árvore, i.e., galhas (semelhantes aos bugalhos dos carvalhos) que têm as larvas lá dentro. As galhas são verde-claras no início e passam depois a cor rosada. Entre meados de Maio e final de Julho as vespas saem das galhas, põem ovos, que vão levar ao desenvolvimento de galhas que serão visíveis na Primavera seguinte.

O que fazer ao identificar sintomas suspeitos?

Ao encontrar sintomas que pareçam da vespa-das-galhas-do-castanheiro, contacte a Direção Regional de Agricultura e Pescas ou Departamento da Conservação da Natureza e Florestas da sua região.

Torymus sinensis é um agente de controlo biológico que está a ser utilizado em vários países (e.g., França, Itália, Japão, EUA) para controlar a vespa das galhas do castanheiro. Este parasitoide é um pequeno inseto que, ao ser libertado, vai parasitar a vespa que promove a formação das galhas nos castanheiros, contribuindo para que menos vespas consigam formar as galhas. A utilização deste agente biológico foi a forma mais efetiva, encontrada pelas autoridades competentes, para controlar esta praga. Existem estudos que alertam para a importância de análises de risco mais detalhadas de forma a compreender quais os eventuais impactos que este parasitoide pode ter noutras espécies (e.g., atingir também as galhas dos carvalhos ou de outras espécies).

Além do uso de controlo biológico, há medidas preventivas básicas que devem também ser postas em prática:

  • Em pomares jovens, observar cuidadosamente as plantas a partir da rebentação. Eliminar os ramos com galhas e queimá-los.
  • Não utilizar porta-enxertos e plantas infetadas.
  • Adquirir plantas produzidas em regiões onde ainda não se tenha detetado esta praga.
  • Utilizar variedades tolerantes.

É muito importante que a presença destas galhas seja comunicada aos serviços competentes. Isto ajudará a prevenir e controlar a expansão desta espécie!

Algumas notícias sobre agricultura:

  • “Plano de combate à vespa das galhas do castanheiro realiza 700 largadas de parasitas até ao final do mês” – Ler artigo
  • “Governo divulga lista dos agricultores afetados pelos incêndios” – Ler artigo
  • “Centro Pinus e ICNF recolhem sementes para rearborizar 125 mil hectares ardidos em 2017” – Ler artigo

 

Se quiser ler outros artigos sobre a Nova Agricultura – Ler mais

Eng.º José Rui Gomes – IT Manager – Universidade do Minho, Jornal Terras do Demo, 03 de dezembro de 2018