Hoje, vou neste artigo falar sobre a necessidade e o que deve saber sobre os problemas causados nas cerejeiras com o Cancro Bacteriano.

O concelho de Moimenta da Beira é uma zona do país em que a produção de cereja não tem muito impacto, no entanto já começam a existir e já existiam alguns produtores de cereja, em quantidades pequenas comparadas com o Fundão, e por isso este artigo é dedicado a estes produtores, que também necessitam de informação atualizada. Como tal, hoje, vou descrever neste artigo algumas particularidades que afetam as cerejeiras.

O cancro bacteriano é provocado por bactérias do género Pseudomonas e pode causar elevados prejuízos na cultura da cerejeira, sobretudo em árvores novas, nos primeiros 6 anos de vida.

Os sintomas mais visíveis são os cancros nos ramos principais e secundários e nos ramalhetes de maio.

Sintomas, visíveis entre março e junho:
  • Os gomos e ramalhetes de maio não rebentam ou rebentam de forma irregular,
  • Os ramalhetes de maio por vezes abrem, mas as flores abortam.
  • As folhas ficam pequenas e amareladas e enroladas e secam.
  • Pequenas manchas nas folhas, castanhas, com um rebordo amarelado.
  • Os rebentos secam e dobram-se em forma de “báculo”.
  • Pequenos pontos encortiçados na casca dos frutos.
  • As árvores definham lentamente ou secam de repente (apoplexia).
  • As árvores doentes podem ter grandes cargas de frutos, mas de má qualidade e que não amadurecem completamente.

A bactéria tem uma “capacidade congelante”, que leva a que gomos, flores e folhas infetadas possam ser danificados por geadas fracas, que não ocorreriam se não estivessem infetadas pela bactéria.

Fatores que favorecem o cancro bacteriano:
  • Invernos muito frios e chuvas abundantes
  • Chuvas mais abundantes em dezembro e janeiro
  • O stress hídrico de verão, sobretudo depois da colheita, e o excesso de água no inverno tornam as árvores mais sensíveis ao cancro bacteriano.
  • Deficiência de cálcio no solo (maior sensibilidade de árvores plantadas em solos ácidos)
  • Variedades e porta-enxertos sensíveis.
  • Feridas de poda nos ramos, quebra de ramos, cortes de enxertia, feridas de granizo, etc, podem ser porta de entrada das bactérias.
  • Árvores enxertadas mais alto são menos atingidas.
  • Árvores até 6 anos são mais sensíveis.
Medidas preventivas:
  • Não plantar cerejeiras em zonas atreitas a geadas e a frio intenso.
  • Evitar solos pedregosos e muito ácidos.
  • Plantar plantas sãs, isentas de cancro bacteriano.
  • Utilizar variedades e porta-enxertos resistentes ou tolerantes.
  • Enxertar a meio metro de altura.
  • Evitar a formação de árvores com a rama muito chegado ao chão
  • Estudar o perfil do solo e subsolo e melhorar a drenagem caso seja necessário
  • Corrigir a acidez do solo.
  • Podar com tempo seco, desinfetar os instrumentos de poda.
  • Podas no verão, incluindo as de formação.
Tratamentos

Nesta altura do ano, em que se nota o início do inchamento dos gomos, antes da rebentação, pode ser aplicada uma calda à base de cobre nos pomares ou árvores afetadas pelo cancro bacteriano. Importante: deve ser utilizada a dose mais baixa das indicadas no rótulo do produto comercial a aplicar. Este tratamento pode ter efeitos muito benéficos, sobretudo preventivos, nos pomares jovens.

Os fungicidas à base de cobre têm efeito bacteriostático, ou seja, não matam as bactérias, mas reduzem a sua atividade e a reprodução.

No Modo de Produção Biológico é permitida a aplicação de caldas à base de cobre no controlo do cancro bacteriano da cerejeira.

 

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Eng.º José Rui Gomes – IT Manager – Universidade do Minho, Jornal Terras do Demo, 09 de agosto de 2018