Hoje, vou neste artigo falar sobre a necessidade e o que deve saber sobre a limpeza dos terrenos.

O concelho de Moimenta da Beira teve um ano de 2017 calmo no que respeita a incêndios, comparado com a calamidade que atingiu algumas regiões de Portugal. O respeito pela floresta é muito importante e para tal devemos prevenir de modo a que a segurança das populações, a vida humana e as florestas sejam preservadas. Então este artigo vou descrever o que alertar para alguns pontos essenciais a meu ver importantes para a limpeza dos terrenos.

A que é que a lei obriga?

Tem de se cortar as ervas, os arbustos e as árvores de forma a criar faixas de proteção em torno das habitações, aglomerados e estradas. Estas regras são apenas para meios rurais e florestais.

O que é que tem de se fazer? 

É obrigatório proceder à gestão de combustíveis numa faixa mínima de 50 metros à volta das edificações ou instalações (habitações, estaleiros, armazéns, oficinas, fábricas ou outros equipamentos) inseridas nos espaços rurais ou florestais. Esta faixa é medida a partir da alvenaria exterior da edificação. Este ano, o prazo para esta gestão de combustível termina a 15 de Março. No caso dos aglomerados populacionais (10 ou mais casas) esta faixa de proteção estende-se até aos 100 metros. Ao longo das estradas deverá haver uma faixa de gestão de combustível de 10 metros ou superior para cada um dos lados. Todas as árvores, incluindo os pinheiros e eucaliptos, devem estar desramadas em 50% da sua altura até que atinjam os oito metros.

Quem tem de a pôr em prática? 

Todos os proprietários, arrendatários, usufrutuários e entidades que detenham terrenos em áreas rurais. São igualmente obrigados a fazer a gestão de combustível as entidades responsáveis pelas redes rodoviária, ferroviário, elétrica, entre outras, bem como as entidades gestoras de áreas industriais, parques de campismo, centros logísticos e outras infraestruturas. Até 31 de Maio de 2018, as câmaras municipais garantem a realização destes trabalhos nas zonas onde os proprietários não o fizeram.

Tem de se cortar tudo junto às casas?

A gestão de combustível não significa eliminar toda a vegetação. Uma árvore, desde que podada e localizada a uma distância entre copas de quatro metros de outras árvores e a mais de cinco metros da casa, pode ser mantida. Devem ser evitadas espécies de elevada inflamabilidade na área envolvente da casa.

E as árvores de fruto?

As árvores de fruto não têm de ser cortadas, se estiverem inseridas numa área agrícola ou num jardim.

E quanto a pinheiro e eucaliptos perto de casas? 

Os pinheiros ou os eucaliptos que estejam a menos de cinco metros das casas têm de ser cortados. Numa distância de 50 metros, a contar das casas, as copas dos pinheiros ou dos eucaliptos devem estar afastadas 10 metros umas das outras, pelo que poderá ser necessários cortar alguns pinheiros ou eucaliptos.

Pode-se cortar todo o tipo de árvores? 

Existem algumas árvores que são legalmente protegidas, como o sobreiro e a azinheira. Estas árvores só podem ser cortadas com autorização do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). As árvores de interesse público têm também de ser protegidas (consultar em Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas).

A fiscalização do cumprimento da lei é igual em todo o país? 

Não. Há zonas definidas como prioritárias. Entre 16 de Março e 30 de Abril, serão fiscalizadas os terrenos nas freguesias da primeira prioridade e entre 1 e 31 de Maio, a vigilância incidirá sobre os terrenos nas freguesias de segunda prioridade. (Consulta em Diário da República Eletrónico)

Quais as principais críticas a esta legislação?

O primeiro problema tem a ver com a campanha de sensibilização que induz em erro, levando os proprietários a pensar que têm de cortar todas as árvores em volta das suas casas. Há também dúvidas técnicas sobre o sucesso de algumas medidas, concretamente o afastamento das copas que pode levar a que os matos por baixo sequem mais depressa, alimentando o fogo. Além disso, contesta-se também o afastamento em relação às casas uma vez que o risco reside mais na projeção de faúlhas que entram pelo telhado do que no contacto das árvores com o edificado. Outra das questões levantadas diz respeito à proteção de espécies autóctones, que com esta lei podem ser arrasadas. A limpeza de matos levanta também muitas dúvidas pois há várias espécies, muito importantes para a conservação da natureza, que estão assim também em risco. Alguns arbustos são também fundamentais para outras espécies, pondo em causa alguma da rica biodiversidade do país. Por outro lado, a tendência para pôr o terreno à vista aumenta os problemas de erosão. Finalmente, muitos proprietários não têm nem meios nem dinheiro para fazer estas limpezas e não há capacidade instalada no país para dar resposta à obrigatoriedade de limpeza de tantos hectares.

 

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Eng.º José Rui Gomes – IT Manager – Universidade do Minho, Jornal Terras do Demo, 06 de agosto de 2018