Hoje, vou neste artigo continuar a falar sobre os benefícios das Novas Tendências da Tecnologia Agrícola.

Neste artigo descrevo as restantes tecnologias de que falta informar de modo a perceberem que estamos a evoluir com diversas tecnologias e em diversos rumos.

Estas tecnologias, como prevêem os especialistas, ajudarão a alcançar maior produtividade agrícola para alimentar toda a população humana, enquanto o ambiente é preservado para as gerações futuras. Restantes tecnologias:

6 – Quintas verticais para as “Smart City” do futuro

As cidades têm passado da cinza do betão ao verde, com o boom das hortas e jardins urbanos. Nos últimos anos, empresas como a Fujitsu, Toshiba e Panasonic apostaram em transformar fábricas em desuso em autênticas fábricas de vegetais. Essas quintas verticais, hiper-robotizadas e ultra-produtivas começaram a produzir alface em 2016. Quintas, que se caraterizam por: baixa mão-de-obra humana, controlo absoluto de todos os parâmetros das culturas, máxima segurança alimentar, alta tecnologia e produtividade incrível (os seus criadores dizem que até 100 vezes mais). E se isso não fosse suficiente, a promoção do consumo local, já que se encontram dentro das cidades. Nos próximos anos veremos estes projetos proliferar como cogumelos em cidades ao redor do mundo. Agora, será que estes legumes têm o mesmo sabor que os produzidos no campo? Somente o tempo o dirá.

7 – Agricultura e Pecuária Celular

Este conceito começou a surgir em força quando o cientista alemão Mark Post criou, em 2013, o primeiro hambúrguer “in vitro”. A partir daqui, surgiram inúmeras startups que se lançaram a investigar como produzir carne e produtos lácteos, sem recorrer à pecuária. A agricultura e pecuária celular chama a atenção dos investidores em todo o mundo, que investiram em empresas com nomes tão característicos como Impossible Foods o Cultured Meat, que estão a desenvolver carne em laboratório.

8 – Tecnologia Satélite

O GPS está mais do que visto, é verdade. No entanto, a tecnologia de satélite pode contribuir muito mais em outros segmentos fora da agricultura de precisão. A Agência Espacial Europeia, em colaboração com a Universidade de Salamanca, está a desenvolver a tecnologia por satélite para monitorizar a seca agrícola e prever colheitas. Do outro lado do Atlântico, uma startup chamada TellusLabs combina imagens da NASA com o conhecimento aglutinada ao longo dos anos pela USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, para fornecer uma melhoria de até 69% sobre as previsões de colheita naquele país. E se o combinarmos com dados financeiros? Existe uma aplicação que já está a ser testada e vai permitir melhores tomadas de decisão em toda a cadeia de valor.

9 – Inputs e Agricultura Mais Natural

É bom ser mais produtivo e criar comida para alimentar todas as bocas do mundo. No entanto os consumidores nos países desenvolvidos começaram a tomar consciência ambiental e também a pedir algo mais aos agricultores: produtos mais naturais e sustentáveis. Esta tendência reflete-se ao nível da exploração numa substituição completa de fertilizantes de base químicas por fertilizantes de origem mais “natural” (embora, no final, ambos sejam química pura e dura). Surgem cada vez mais empresas que desenvolvem soluções naturais para controle de pragas, recorrendo a substâncias presentes na natureza, ou controle biológico. Portanto, esta tendência de exigir inputs mais “naturais” seguirá o seu ritmo crescente, pelo menos nos países desenvolvidos, onde a oferta de alimentos não é um problema (sendo o verdadeiro problema o desperdício de alimentos).

10 – E-commerce Agroalimentar

Em Espanha, começou com o comércio eletrónico de laranjas, tendo havido um boom de sites que vendiam as produções dos produtores diretamente e sem intermediários, ao consumidor. Após esse boom inicial, o comércio eletrónico congelou e os grandes distribuidores estabeleceram os seus sistemas de comércio web, mas sem o evoluir muito, já que os consumidores preferem ir à loja e ver o produto. E de repente chegou AmazonFresh para a Europa, com as suas entregas de produtos frescos em horas, coisa que não ofereciam as cadeias de distribuição (Mercadona, Alcampo, Hipercor, …). Ok. Pode acontecer que em vez de maçãs lhe cheguem peras, ou em vez de lombo de porco, o embalador lhe mande peitos de frango. Talvez o sistema necessite de alguns ajustes. O que é certo é que o e-commerce de alimentos está a ser implementado nas nossas vidas diárias. Vidas ocupadas que têm cada vez menos tempo para ir ao supermercado fazer as compras diárias.

11 – Rastreabilidade

Finalmente chegamos a outro ponto de importância vital: a rastreabilidade. Atuais e futuros consumidores querem saber tudo sobre os alimentos que consomem: quem produziu, como foi produzido, onde foi produzido, etc. O consumidor começa a ter, além de consciência “sustentável”, consciência “local”. E toda essa informação que procura só pode ser dada através da rastreabilidade adequada. Portanto, cada vez mais se avança em tecnologias que garantam a rastreabilidade dos produtos. Como pode revolucionar esta cadeia de valor? Fácil, se a transferência de informação é executada diretamente, sem intermediários, elimina-se o fator “telefone avariado” em cadeias de comércio muito grandes (tais como produtos alimentares), dando uma maior transparência ao todo.

Como pode ver, o futuro da agricultura será muito tecnológico. Haverá vozes a favor e vozes contra, mas sem dúvida a tecnologia aqui apontada já chegou ou está a chegar, quer queiramos ou não.

 

Algumas notícias sobre agricultura:

  • “AJADP diz que “faltam apoios” para a instalação de jovens agricultores” – Ler artigo
  • “Acidentes com tratores fazem uma vítima mortal por semana” – Ler artigo
  • “Importância da poda na fitossanidade da oliveira” – Ler artigo

 

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Eng.º José Rui Gomes – IT Manager – Universidade do Minho, Jornal Terras do Demo, 31 de julho de 2018