Doenças da planta do mirtilo
A produção de pequenos frutos, em particular mirtilos (Vaccinium spp.), tem despertado grande interesse na região de Entre Douro e Minho nos últimos anos.
Tratando-se de uma cultura recente entre nós, importa fazer o acompanhamento fitossanitário dos pomares para que possamos assinalar as principais doenças e pragas presentes nas nossas condições edafo-climáticas, bem como a sua incidência e severidade.
O correcto diagnóstico das doenças, bem como a identificação das pragas é fundamental, para que os meios de luta adoptados sejam também os recomendados.
A integração de meios de luta, privilegiando as práticas culturais, é um aspecto fundamental, considerando o número reduzido de substâncias activas disponíveis para tratamento da cultura (consultar o site da DGAV – Extensões de Autorização de Produtos Fitofarmacêuticos concedidas para as Utilizações Menores – aqui).
Adquirir plantas sãs em viveiros autorizados pelos Serviços Oficiais é o primeiro passo para o sucesso de um pomar. A preparação do terreno, efectuando previamente análises de solo, que darão as indicações para as correcções a fazer, é outro aspecto a não descurar.
Apresentamos as doenças identificadas em amostras entregues na Divisão de Apoio ao Sector Agroalimentar (DASA), da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, entre 2013 e Setembro de 2015. As plantas analisadas eram provenientes de pomares jovens, abrangendo diversas cultivares (Bluecrop, Brighthwell, Briggita, Chanticleer, Darrow, Draper, Duke, Legacy, Liberty, O’Neil, Ozarkblue, Spartan e Suziblue).
Botrytis sp.
A espécie Botrytis cinerea (forma perfeita Botryotinia fuckeliana) infecta flores, frutos e jovens rebentos de mirtilos.
No Inverno, o fungo mantém-se em restos de material vegetal no pomar. As infecções ocorrem na Primavera, com humidade relativa elevada (>95%) e temperaturas amenas (15-20 ⁰C).
Sintomas:
Necrose das flores, sobre as quais poderá ser visível o micélio do fungo, de cor cinzenta escura. As flores permanecem na planta, constituindo inóculo para infecção dos frutos e crescimentos jovens.
Os raminhos infectados ficam enegrecidos e secam, podendo observar-se a esporulação do fungo.
Os frutos ficam necrosados, com aspecto engelhado, cobrindo-se de micélio e esporos. Os sintomas poderão manifestar-se no campo, ou apenas em armazenamento, caso a infecção se mantenha latente.
Meios de luta:
A fertilização deverá basear-se nos resultados das análises ao solo, evitando a aplicação excessiva de azoto.
Promover o arejamento da folhagem através da poda.
Na rega, evitar molhar a folhagem.
Evitar a sobre maturação dos frutos na colheita.
Os frutos deverão ser armazenados em frio logo após a colheita.
Autora: Eng.ª Gisela Chicau, DRAPN
Arranjo gráfico: Carlos Coutinho (Assistente-técnico)
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